27 julho 2013

A conferência dos pássaros..


chegou o primeiro e abriu as asas
o segundo sentiu a brisa do voar
o primeiro (aquele que abriu) já sabia codificar os movimentos do ato
o segundo (o que sentiu) já sabia identificar o momento de começar
um impulso
uma coragem
dois passos para trás
um grande salto
de um abrir e fechar leve, lento, firme, irracional
voaram os dois
nem à frente
tampouco atrás
de um lado e de outro
quase que de entrelace 
conectados pelo ponto em comum
o que gerou o impulso
Afeto.
Apreço.
Aberto.
( )

08 julho 2013

(in)acabada


Ela cansou 
de esticar a ponta, de dobrar o braço, de torcer o tronco
de verticalizar, de fincar os pés no chão, de voar sem sair do lugar
Ela cansou de pancadas roxas, de canelas frouxas, de deslizes propositais
de saltos sem perspectiva, de corridas leves ritmadas

Cansou. 
De prender a respiração. 
De andar sem perder o chão.
De dançar roteiros.

  Ela se libertou.
Reinventou o clássico 
Subverteu o repertório
Desalinhou o Debul(ê)
 Diminuiu o Develop(ê)
 Criou raizes para voar longe

Aflorou...
Desenvolveu suas escutas
Recuperou as cores suas
Estabeleceu a música do seu ritmo,
que só ela pode ouvir

Ela anda dançando por aí.
( )

12 junho 2013

(n)amorados

que torce o pescoço, desvira o rosto e fecha a boca pra não escutar
sobe alto no banco, desvira o chinelo, encosta na tinta fresca pra refrescar
 que desce leve, segue forte, balança a cabeça pra não aceitar
abre foco suave, enxerga longe e o peito não consegue visualizar
 sorri solto, amolece o corpo, libera energia a qualquer lugar
garante o céu e também a terra, mas nada tem para lhe ofertar
 dorme junto, acorda mudo e força a memória pra lembrar
das juras sinceras, do coração povoado, dos quereres doces do amor complicado
 da satisfação em satisfazer o momento, sem nada perceber
o contato é instantâneo e se dá, independente de ser 
 o hoje é só saber, pois o futuro há de se perder
qualquer que seja o propósito é irrelevante e teme em não doer
 cabendo ao destino direcionar o todo para o maior indivíduo que aparecer
restando somente o eu e, quem sabe, um tanto de você.
( )

19 maio 2013

(meta)morfose




vira
(des)vira
(re)vira
apanha a flor caída que a raíz espera forte o retorno da floração
segura
(se)muda
se(cuida)
sente que o vento forte já foi e o vento breve já vem com cores novas para celebrar o novo ciclo que já está.
pára
(re)para
se(para)
espera a chuva forte passar que vem a noite com luzes claras para aquecer o novo corpo que se formou
tempo
tombo
terra
recebe o não aceitando o sim com a certeza de que o talvez é a clareza do então.
( )

10 fevereiro 2013

Te



 Eu choro o prazer de estar só
A possibilidade de decidir o meu caminho, o percurso que devo seguir no minuto que eu escolher
Choro leve..de possibilidade de alegria
Eu choro por lembrar e esquecer todos os dias que chorar é sinal de saúde
E que manifestar suas emocões, mesmo que à flor da pele é sinal de sabedoria.
Quem quiser que se levante
Eu choro por não poder chorar ao saber
Choro por ver
Um homem com os olhos grandes de etnia, ter olhos pesados de chorar sem lágrimas
e sorrir
e dançar com um transeunte
e fotografar cada cor nova que seus olhos vivos focar
e conhecer todo o mundo
e saber que está só
eu choro por chorar
por mediocridade
pois os olhos grandes não choram mais
transcenderam a tristeza e só fotografam alegria
Eles disseram: desacredite! ela não vai sobreviver
mas os olhos diminuiram e se contraíram de raiva e força
Nunca!
Eu choro de orgulho
de ver olhos que choram de alegria e que fotografam o dia a dia
pra mais tarde encontrar com sua amada, mesmo que em pensamento
deitada e sabendo..que os olhos grandes olham por ela.
Eu choro pois é carnaval
e as cores todas ele levou pra ela
e eu daria mais ainda se pudesse criar
o verde esperança
o azul amor
o violeta sonho
os olhos grandes voltaram
os olhos fechados acordaram
Eu sorri.
( )

27 janeiro 2013

 
Lembro de quando eu tinha oito anos e invadi a casa da "moça fina da cobertura" pra pedir um autógrafo dele...a menina-criança que me acompanhava mal fazia idéia de quem ele era, mas eu devia ouvi-lo desde a barriga de minha mãe....sabia muito bem o quanto queria vê-lo de perto. Toquei a campainha e a "moça fina da cobertura" me barrou na porta. Acho que se fosse um simples fã pedindo uma atenção àquela visita ilustre que ela recebera, seria aceitável uma negação. Mas era uma criança, com os olhos brilhando, cheios de esperança de ver de perto o seu ídolo mais antigo. Quando a moça "não tão fina" da cobertura já ia quase fechando a porta, eis que surge Ele:
- Ei menina! Estava me procurando?! Entre! Fique à vontade...Quer beber alguma coisa?!
E aquele senhor, que sequer morava ali me recebeu exatamente como me receberia em sua casa...Talvez tenha me recebido até melhor, só pra calar a "moça besta da cobertura".
- Quero um autógrafo seu. Gosto muito do senhor, desde pequena.
(uma gargalhada)
- Então aqui está! Um autógrafo meu. Para a minha mais "nova" fã!
"Para Bruna,
tão bonita,
um beijo do
Tom Jobim."
( )