04 dezembro 2011

saturno


chegou a hora
dizem que ele retorna com os planetas numerados
o dois na casa do dez e o nove por ele mesmo
o retorno é certeiro e transforma(dor)
vem ligeiro pra bagunçar o eixo
vem de leve e equilibra o querer
ou distorce ele de vez
pra vez em quando eu esquecer de sofrer
pra vez em sempre eu lembrar de querer e poder
e ser mais do que ter
torna a vir pra ensinar que a mudança vem pra (des)estruturar
que dá medo e que medo é gostoso de se levar
pesado de se trazer leve levando saber
oficializa a luz do viver
e todo o colorido do dia da noite violeta de entardecer. ( )

06 outubro 2011

(de)novo

então você tenta controlar aquele frio na barriga
aquela fusão da ansiedade com a leveza
a sensação de que o erro está próximo pela tentativa de acertar, simplesmente
daí você coça a cabeça
torce o nariz
franze a sobrancelha
enxerga longe com o desejo de sentir perto
de tocar a dúvida
de engolir o medo
de cuspir o recuo
de beijar o entorno
de amar por amor
lúcido, experimenta a insanidade
argumenta com a projeção
escolhe a razão...e um tanto de coração
abre os olhos e desfruta o novo caminho
(de)novo.

20 setembro 2011

Riscado

..do filme Riscado de Gustavo Pizzi, surgiu a necessidade de "dividir" a afetação com a jovem grande atriz que interpreta o papel principal..


19 de setembro de 201
karine,
ontem fui ao cinema sozinha, o que me impossibilitou expressar comentários na saída…ir ao cinema sozinha tem dessas coisas…também o seu lado bom de guardar as
emoções todas pra você e, quem sabe, codificar de forma diferente.
o fato é que saí engasgada. afetada. anestesiada. fiz um percurso curto até a minha casa. metrô vazio. cidade vazia (até mais que o normal para um fim de tarde de domingo).
percebi que meu passo acelerou quando saí para ver o resto de luz do dia. escada ao invés de rolante. passarela ao invés de rua e uma vontade intensa de chegar em casa
para, enfim, codificar tudo que senti.
chorei. ao me identificar tanto com a história simples e esmagadora interpretada com o maior respeito por você, uma integrante desse mundo (talvez um pouco mais antes
ou um tanto menos agora).
tive um misto de raiva e satisfação por viver aquela hora como se fosse minha. por vibrar com a bianca que deixaria de ser uma bianca, imaginando quando uma bruna
se tornaria a. por sofrer por mais uma bianca que continuaria sendo uma atriz, que rala todos os dias, com a incerteza mais certa de que esse deslize pode não terminar.
por tentar chegar nesse galho perto e longe todos os dias e saber que ele sempre estará ali…me
tentando a tentar subir.
sorri. por ver uma grande atriz interpretando a minha vida e a de tantas outras umas, com a segurança de ser a. por ter a absoluta certeza que esse é o meu
caminho e que as histórias não precisam ter finais felizes, mas carregam a obrigacão
de terem uma série de caminhos cheios de finais.
obrigada por ter me proporcionado esse momento de realidade inventada, de sonho irreal, ou qualquer coisa que tenha feito o meu estômago se manifestar.
enfim.
grande beijo e muito sucesso pra você!
( )

o contato..

"oi querida, como está? Que texto lindo! Obrigada por me escrever... Não sei nem o que te responder...
Caminho é a palavra do filme, e da nossa vida mesmo... o final nem sei se existe e qual é... se é um ou muitos... por isso temos o caminho... pra viver tudo que vier...eu com certeza coloquei alguns fantasmas pra fora com esse filme, mas sigo sendo a mesma atriz e acreditando nas mesmas coisas... e querendo o que eu sempre quis... Talvez de uma forma um pouco diferente....
MERDA pra gente querida! Que a gente continue no Caminho!!!!
Bjs"

19 de setembro de 201

09 setembro 2011

.

então você tenta verbalizar pensamentos e percebe a inutileza da verbalização 
e como em poesia você pode começar do meio e terminar do início
pode criar palavras palavreadas e ditar a tendência do fonema em cada linha torta
pode transpirar o papel e apagar a luz da tela do computador quando o seu ouvido gritar por sossego
pode começar uma frase, um apelo, um espirro e terminar sem fim
pode escrever pra ninguém e ganhar admiração
pode descrever um específico que nem de longe vai tentar compreender toda essa baboseira única que se tenta criar ao tentar codificar o que a mente tenta fazer ao passar por cima da emoção e a afetação rebater a razão ao tentar registrar um acaso.
então você desiste de tentar isso tudo e percebe que a pensação de transmimento é bem mais rápida, prática, unilateral e indolor.
coloca um travesseiro no espaço vazio da cama, um copo de água pela metade na cabeceira e um lápis sem ponta pra desistir de tentar pensar.
dorme um sono pesado sonhando leve no colchão duro com cobertor furado
acorda feliz e mau humorado fechando a janela pra chuva não molhar.
separa o terno da meia, a liga do cachecol  a ruga da preocupação.
toma café sem pão e geléia sem manteiga.
sai de casa de costas com um impulso lento de viver o dia que já acabou
e sorri
porque você criou tudo isso e não importa o que você mesmo vai pensar quando pensar em criar sentido ao reler o seu desabafo. ( )

03 setembro 2011

Pequena.

..menina pequena de pulso grande
guerreira de pai de força maior..
vontade que tenho de te pegar no colo
quando tua lágrima escorre por dentro
quando sei que ela quer sair pra lavar o que não se pode esquecer.
..menina fortaleza de coração mole
amizade é coisa que não se compra
bem querer é fartura de poucos
a luz que se apaga aqui
é chama que cresce de lá
..lá de onde não se vê
mas se sente
se toca se ouve se sonha
se espera com saudade acesa.
..não se apaga mais
mas pode se abrandar com vela ligada
pode se curar com luz violeta
lembra dela todos os teus dias?
que em um filamento de todo esse amor
tem meu ombro pra secar tuas lágrimas ausentes
ou tuas risadas que me fazem sorrir
..menina grandeza dos olhos vivos
o mundo é todo teu
a hora é toda sua e tristeza nenhuma pode esperar
fica pouco e não demora
o dia não tarda a realizar
a felicidade nem bate
e a vida vai tomar o seu lugar.

24 agosto 2011

então é poesia

não entendo por que as palavras ferem se não há linha para organizar o engano 
não entendo por que (des)engano 
não entendo por que a criança ri a vida e por que cresce pra esquecer 
não entendo por que o telefone toca e do outro lado ninguém diz 
não entendo por que dizer se o esquecimento apagou o tom 
não entendo o olhar sincero se não há toque firme 
não entendo aonde o mundo desvia do eixo e deixa o céu virar chão 
não entendo o que acontece com a dor quando ela deixa de ser amor 
não entendo aonde existe uma conexão entre o encontro e o desencontro 
nao entendo como um palhaço triste entristecido pode se alegrar com essa crueza toda 
nao entendo por que eu tento entender 
nao entendo por que ainda tento nao tentar entender e desisto tentando tentar 
nao entendo por que tudo fica do avesso e o desavesso é tão dificil de desvirar 
nao entendo por que a lágrima molha ao mesmo tempo que o coração seca 
nao entendo por que o coração se esconde da razão 
nao entendo por que a razao nao domina o mundo e eu esqueço e desisto de vez de entender.
e entendo.

20 agosto 2011

PS:grafia

a menina escrevia cartas
mas o conteúdo não saía de sua imaginação
a menina só emprestava a mão
e parte do coração
ouvia o som quente
do pedido esquecido
sentia o olhar firme
do desejo repartido

eram cartas de amor
de dor, de perdão
umas sem destinatário
outras sem remetente
dessas cartas que
comovem a gente
de fazer perder o chão
e consolar o peito

uns dizem que não acreditam
outros fingem não saber
mas no fundo
todo mundo 
sempre sonha
em receber.

PS:acredito em você
( )

05 julho 2011

de.

ela desistiu de escrever
cansou de toda aquela (des)ordem de palavras belas que escodiam a impureza das idéias podres
ela desistiu de esperar
cansou de toda aquela projeção ingênua que sua mente insistia em persistir
ela desistiu de acreditar
cansou de toda aquela promessa certa de uma beleza incondicional, torta
ela desistiu de querer
cansou de toda aquela fantasia de vontades seguras e sensações inesperadas
ela desistiu de sonhar
cansou de toda aquela ilusão de estórias belas com finais trágicos, românticos
ela desistiu de amar
desistiu de sofrer
de respirar
de. ( )

24 maio 2011

carta a uma jovem qualquer

Querida rainha,

não se assuste...a denominação vem de outros planos e pouco importa a importância que um nome tem para uma sociedade que desconhece o valor de uma mulher-rainha.
entenda essa assinatura como o começo de um novo caminho...antigo e já explorado, porém ainda desconhecido por vossa senhoria.
um caminho novo requer memórias do antigo que ainda não passou ou lembranças do atual que vai passar e ficar e esperar outra oportunidade para estagnar.
mas tudo isso são meras suposições...a senhorita poderá envelhecer anos em horas e esquecer da sua cantiga preferida, dos tempos em que sua mãe cantava pra lhe apagar.
a menina poderá querer provar o cheiro do toque macio que a lavanda penetrava na fronha rosa que revertia o travesseiro de meio palmo.
mas nunca vai esquecer da primeira cicatriz...tampouco da última tatuagem.
não se preocupe...as lembranças são resultados de memórias físicas, portanto, suas afetações estarão bem guardadas em sua bagagem de objetos sem importância de uma adolescência rebelde.
devo lhe dizer também que o destino não passa de uma crendice e que os seus primeiros desenhos falam mais de você hoje, que a sua analista na sessão de amanhã.
pratique o desapego e encare o seu baú de recordações, que deverá estar entupido de espaço preenchido mas não necessita da poeira que te irrita a face e das cores que descolorem as ilusões.
siga em frente, sem perceber o peso da pegada oca que ocupa o solo aquecido.
chore
e sorria, quando necessário.
simule
e elouqueça, quando inevitável
corra
e enfrente, quando desistir
te aconselho, querida mulher-rainha-menina, que insista em enfrentar o receio...que esqueça de lembrar do bloqueio...que adormeça sem evitar o erro.
mas quem sou eu para lhe sugerir um modo de contemplar a vida...
sou só um garoto atrevido...um homem bandido...um irmão esquecido...um servo destemido.
minha última solicitação-sugestiva: não temas o encontro...encontre o amor dentro dele.
aceite o colo e não hesite o querer.
ele é mais que poder. é melhor que dever.
seja. ( )

06 maio 2011

girá

toca o toque
canta o ponto
o Pai anuncia
a festa do Orixá


pisa torto
vira corpo
sobe energia
a transbordá

grita moço
dança moça
mão e abraço
a cumprimentá

tá em casa
sente o colo
gira na gira
a respeitá

sobe Ogum
desce Oxum
firma cabeça
a Oxalá

reza pouco
pede menos
agradece e segue
a caminhá. ( )

15 abril 2011

um suspiro...

de alívio...
que o pior já passou.

de sossego...
que o horizonte espera.

de temperança...
devagar e todo dia.

de amor...
que já vem chegando.

cai
levanta
respira
enxerga
abre os olhos que o dia taí todo dia de novo com cheiro de flor da noite com gosto de fruta doce com toque de mão suave de pés que se aquecem ao amanhecer.

um suspiro.. ( )

26 março 2011

bola fresca

ping pong...a menina sorri
ping pong ping...o menino espia
o seu jeito de olhar
dois pequenos corações 
aprendendo a jogar
a bola bate molha sobe e quica
o toque seca solta volta e fica
dois pequenos corações
se permitindo encontrar
o sol se põe
a despedida se aproxima
o menino sorri
a menina espia
dois pequenos corações
se atrevendo a amar. ( )

10 março 2011

olhos fechados - coração aberto - vice versa

Ele disse que ela é covarde
Ela disse que ele não pode dizer
covarde é aquele que foge
ela daria tudo pra escolher

Ele disse que ela preferiu se distrair
Ela disse que ele não pode dizer
distraído é quem não vê
ela daria tudo pra esquecer

Ele disse que ela não sabe ser amada
Ela disse que ele não pode dizer
amor não se aprende a ter
ela daria tudo pra receber
 
Ele disse que ela foge
morde
rosna
sorri sem querer

Ela disse que espera
sonha
acorda
chora sem saber

Ele disse que cuida (d)ela
Ela disse que ele não pode dizer
cuidado é escada longe
pedra mole
ponte fina
trajeto torto
Ela só aprendeu a se defender. ( )

06 março 2011

carnavalizar


















é carnaval lá fora
mas a avenida desfila aqui dentro 
balança bases
batuca pensamentos

é carnaval lá fora
aqui a marcha é breve
mestre não tem bandeira
baiana não tem chão

é carnaval lá fora
o repique perdeu o tempo
a cuíca desandou
a passista desaprendeu a sorrir
 e a quarta-feira já chegou.

hora de seguir. ( )

25 fevereiro 2011

Digo..

..aquela energia toda não cabia ali
o espaço era pequeno demais pra comportar
o sentimento anestesiado pra sentir
tamanha euforia
borboletas rodando
ar entrando
saindo
cuspindo felicidade
é físico esse negócio que não se vê
é invisível essa distância que se estabelece
é inaudível esse calor que encharca os poros carentes de dizer
os dois...
outra vez...
ali...
frente a frente
o olhar o presente o orgulho idolatrado
ele era grande
explodia
ela era sóbria
e bebia
pra acalmar o trânsito
de cores que se misturavam
no palco iluminado de som-bom
melodia próxima...
o radinho gritou
se sacudiu
recebeu o calor
de dentro
logo ali
do ladinho
que quase não cabia
no sorriso violeta
mais sorridente que existia. ( )

17 fevereiro 2011

surdo mudo

eles se entendiam assim
o menino mudo e o cão surdo
a palavra não alcançava
o som se perdia
sem precisar se achar
a comunicação se estabelecia
o alto latido o sereno ouvido
o cão surdo e o menino mudo
se ouviam sem falar
seus olhares sabiam
a cumplicidade crescia
o amor prevalecia
o cão e o menino
se comunicavam sem pensar
se amavam sem saber
e sentiam
o acaso teimou e se encarregou
ensurdeceu o menino mudo
emudeceu o cão surdo
e só eles se entendiam
ninguém mais
ai de quem tentasse
ousasse
sonhasse
formar um trio da dupla
ou um grupo de dois mais
o menino mudo
o cão surdo
eram todo o mundo
acompanhados
só dos dois. ( )

11 fevereiro 2011

m e d i t a r


 

















..tão bom quando a vida te obriga a ficar atenta e a distração te movimenta
o toque é calmo
o passo é longo
o olhar é firme
o desejo é sereno e o objetivo se encontra no tempo
a dor se esquece de sentir
o amor permanece sem pensar
a paixão surge num piscar
o prazer explode antes de esgotar
a lembrança adormece
o sonho enlouquece
a paz estabelece
o sorriso ensurdece, entorpece, estremece, amolece
o querer engrandece
o dia segue sem parar.. ( )

05 fevereiro 2011

matusquelo

..daquele que some sem dar tempo pra pensar
aparece com estrelas pra contar
penetra sonhos
escolhe cores
tem quatro ou cinco parafusos a mais pra esquecer
da solidão
verde aquecida do gelo artificial
fina inexistente do calor proposital
degusta as melhores estações
acalma a voz de quem ouve
estimula risos e sorrisos e gargalhadas sem fim
e faz feliz...a parte de um tanto de mim. ( )


28 janeiro 2011

Querido

veja bem...
não sou menina para forjar um choro
tampouco mulher de esconder
gosto das coisas esclarecidas
deixo palavras soltas no ar
interpretação é ponto de vista
querer menos é de lamentar
o preto pode ser branco e até violeta
mãos e pés podem se chocar
medo faz parte do entendimento
paixão é sentimento que pode esperar
mas o cuidado...é coisa que aprecio em conservar

se for seguir, me chama
se for parar, deixa eu me adiantar. ( )

25 janeiro 2011

a guerra

tenho medo dessa guerra..
que coleciona corpos
aprisiona opiniões
corrói vidas breves em longas torturas
marca o peito  frio, enfraquecido
 essa guerra inconstante..
de ego e pudor e rancor
que transforma sonho em pó
amor puro em lenda sóbria
melodia em ruído de dor..
guerra que emburrece..
embrutece sentimentos
negligencia sensações
transforma flor em fuga
vermelho em preto-acinzentado
e afasta...
quem tanto queria se querer. ( )

14 janeiro 2011

último do primeiro

levantou às seis, como era de costume
colocou o chinelinho azul
deu comida ao pássaro amarelo
comeu o mamão papaia-alaranjado

abriu a janela e respirou o amanhecer
era o seu dia...

recebeu visitas queridas
ganhou votos acolhedores
comeu bolo com refrigerante e amor

sentou na varanda e suspirou o entardecer
era o seu dia..

releu cartas e sorrisos
ouviu som e silêncio
caminhou entre o verde e a saudade

deitou na cama e adormeceu o anoitecer
era o seu dia.
o último
do primeiro. ( )

13 janeiro 2011

nó.

‎..pela desordem do mundo, pelas pessoas que partem, pelas que ficam e sofrem com as partidas, pela ausência de vidência, pelo embrulho no estômago, pelo cansaço do peito, pela esperança desalinhada, pelo pão duro dormido, pelo punho enfraquecido, pela carência de afeto, pela falta de apego, pelo chão seco, pelo trigo vencido, pelo amor não correspondido, pelo soluço constante, pelo susto proposital, pelo excesso de querer, pela falta de porquê, pelo sentimento morno, pelo carinho insosso, pelo jantar sem almoço, pela satisfação burra, pela ignorância nula, pela curiosidade crua, pelo chá amargo de fim de tarde, pela chuva, pelo vento, pelo relento, pelo frio, pelo caos, pelo tapa na cara e pelo descaso pobre da cegueira embrutecida do bicho-homem irracional, que transforma luz fria em sombra quente, que consome seu próprio veneno e morre com a sua própria solidão. ( )

09 janeiro 2011

gente..

gente..  é povo complicado

termina antes de começar
afasta antes de aproximá
limita antes de acontecer
e foge... com medo de se querê

gente..  é povo esquisito

sai de fino aflito
com nó de vazio preenchido
sapato na mão pra esquecer
e chorar... sem doê

gente..  é povo aquecido

do cheiro que fica
da pele macia
suada mordida
colada... fazendo fervê 


gente..  é povo querido

que se emociona sem perceber
que fala alto e não escuta
que o sol não queima  nem seca
.. só faz vermelhecê. ( )