25 outubro 2014

Carta ao (des)Encontro

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Escrevo hoje e acho que só hoje sei o que sou capaz de escrever.
Em tempos anteriores a escrita era muda e ensurdecia meu peito calando minhas dores inconscientes
Escrevo agora pois meu peito agradece
Ele pertence ao grupo de peitos esvaziados que se preencheram ao longo de horas contadas em anos e dias esperados em tempos de solidão compartilhada
Escrevo para esquecer e lembrar o que se esquece com a insistência em estar presente. Em resolver o que já nem se sabe se pode ser solucionado e colocar em pratica uma ação determinada de tornar preenchido o vazio que meu peito se tornou ao longo de longos anos.
Escrevo gratidão
Escrevo amor, mesmo que ainda tente entender racionalmente esse tal furacão que tem invadido o meu peito desde que me ajudou a permiti-lo entrar
Escrevo perdão. Por mover de menos, por falar de mais, por correr atrás do meu pranto quando ele deveria estar à frente de minhas crenças e correr solto pelos meus ralos inferiores proporcionando sorrisos espontâneos em minhas múltiplas faces.
Escrevo aprendizado. Por entender o movimento de me direcionar ao meu poço, e conhecer o avesso e o inverso, aprendendo a contemplar o universo. E me aceitar inserida nele. Aceitar que as dores doem e continuam a doer e que sem menos esperar elas cessam abrindo caminho para o vazio que é uma infinidade de possibilidades de alegrias.
Pois escrevo a alegria. De me enxergar. Inteira. Mulher. Nada madura, por acreditar que amadurecimento vem com a proximidade da certeza e certeza é afirmação que aprendi a descuidar.
Por me entender um Ser.
Que está mulher
Que está filha
Que está atriz
Que está aprendiz
Que está curando suas dores e tentando canalizar o caminho de cura de outros
Que está amiga, amante e amando amar de novo nessa vida de tantos desamores e de tantas flores
Escrevo uma suspensão. Por não gostar de despedidas nem de até logos, nem de (a)deuses nem de separação.
Escrevo gratidão. E mesmo sem saber muito o seu caminho e tendo como o laço o enlace de passos meus. Sua presença é guardada no lugar mais nobre do meu coração. O primeiro que se abriu e abriu espaço pra tantos outros que estão e que virão nesta matéria em que meu corpo se expressa.
Escrevo expressão. A que mais me ensinou e motivou a ter por esses lindos sóis que compartilhamos.
Escrevo AmoR
O que você fez nascer dentro de mim. ( )


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