24 novembro 2010

dia Seu
















era o dia dela...todinho seu...um ano novo...
resolveu conversar com o mar...sua mãe era daquelas bandas e no seu dia oferecia presentes de povos distantes e povoados aproximados...
mas ela não foi receber presentes...não entendia por que as pessoas esperam ganhar no seu dia...ela não queria ganhar nada...
só queria contemplar...e ao contemplar ganhava mais do que podia ter...
se tornava.
por vezes intuia pensamentos de natureza enfraquecida...tinha medo de sentir pena de uma luz que busca a própria luz em seu maior dia de luz na maior fonte de luz...sozinha.
tinha receio de sonhar sozinha.
o diálogo entre ela e o mar durou uma tarde inteira...o dia foi povoado de espaço preenchido...e brisa leve.
constatou que esse era o maior presente do Seu dia
ela mesma.
voltou pra casa suspensa...
sorriu.
a maresia ocupou o seu quarto e o tempo passou devagar... ( )

18 novembro 2010

passo..

já passou a chuva
o frio
o sono
o choro

já passou o sol
a primavera
a brisa
o furacão

já passou a dor
a guerra
o ódio
o desamor

mas o tempo...

esse custa a passar

a saudade...

essa teima em ficar. ( )

09 novembro 2010

um pouco do muito

perder...
o sono
o tônus
o juízo
o caminho de volta

perder...
você
nós
ele
a saudade sem doer

perder...
a consciência
a permanência
a inconstância
um pouco de si

perder...
o amor
a dor
o pavor
uma tarde de domingo

perder...
e ganhar.
sonhar talvez... ( )

02 novembro 2010

dór

o chão se esconde e você pisa leve
aponta firme o teto móvel, desequilibra no fio flácido
respira o ar abafado, engole o nó atado
chora..
dorme para lembrar dos sonhos reais
acorda para não ouvir os sinos estridentes do peito ausente
permanece intacta, impotente de atitudes impensadas
some..
controla palpitações involuntárias
antecipa dizeres do peito
retarda sentimentos negligenciados
fere..
a si mesma.