27 dezembro 2014

Eu, Bruna.

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Eu, Bruxa.
Que dispensa a justificativa de “boa”.
Sim Bruxa.
Que se ainda precisasse dessa continuação, possivelmente se influenciaria pela história imposta em seu “aprendizado” com a divisão entre fadas e bruxas.
Que lembra que Bruxas foram as mulheres e não menos homens, que abriram a capacidade de conviverem com sua escuta interior em harmonia com a natureza. E que assim e Ainda assim tinham a capacidade de compartilhar e propagar as oferendas divinas da terra para curar os seus próximos.
Portanto...Todos somos Bruxos!
Sempre temos uma afinidade, mesmo que pouco explorada, encubada, entubada ou reprimida, de lidar com a natureza. Sempre nos percebemos adoradores do Sol, da Lua, do Ar, das Águas, do Fogo, das Pedras, das Plantas e não por menos, dos Alimentos. Sempre encontramos uma forma de nos conectar, mesmo que com pouca frequência (em casos, bem menos do que devíamos) com qualquer manifestação natural...ou simplesmente com nosso interior. Que no final do todo...dá no mesmo.
É...somos unidade. Uma coisa só. Uma só fonte que se desloca em passos diferentes com a sensação de movimento contrário e cada passo dado corresponde a cada passo compartilhado.
Hoje, já então Bruxa, sigo a compartilhar passos entendendo cada particularidade de um todo dentro de uma infinidade de comuns em comunhão de tempo e espaço. Mesmo que saiba também que tempo e espaço já não importam tanto mais.
Presente.
Compartilho meus passos presentes com a espera de agregar cada vez mais realidades do hoje em estados de agora.
Eu, Bruxa.
Sem precisar mais justificar o bem e o mal. Semeando em cada agora uma crença de realidade na dualidade em que vivemos.
Desabrochando o dom
Florescendo a criação
Eu, Bruxa.
Não me importando mais com os caminhos que trilharei daqui por presente
Resgatando minhas dores e revivendo minhas maiores fortalezas na delicadeza de ser um Sou sem precisar ver o que É.
Me revirando nua e aberta em traços com contornos tortos arredondando minha busca pela noção do todo
Aceitando cada Lua nova, saudando cada novo Sol, unindo sentidos a elementos e fundamentando minha Alma no espirito que estou.
Eu, Ser.
Que aceita o céu que se abriu em terra resgatando a bruxa que é criação do peito aberto que reflete Arte.
Eu, atriz, artista, intérprete de vozes de unidade desengasgo minha vocação para expressar o que sou.
AmoR.
( )

25 outubro 2014

Carta ao (des)Encontro

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Escrevo hoje e acho que só hoje sei o que sou capaz de escrever.
Em tempos anteriores a escrita era muda e ensurdecia meu peito calando minhas dores inconscientes
Escrevo agora pois meu peito agradece
Ele pertence ao grupo de peitos esvaziados que se preencheram ao longo de horas contadas em anos e dias esperados em tempos de solidão compartilhada
Escrevo para esquecer e lembrar o que se esquece com a insistência em estar presente. Em resolver o que já nem se sabe se pode ser solucionado e colocar em pratica uma ação determinada de tornar preenchido o vazio que meu peito se tornou ao longo de longos anos.
Escrevo gratidão
Escrevo amor, mesmo que ainda tente entender racionalmente esse tal furacão que tem invadido o meu peito desde que me ajudou a permiti-lo entrar
Escrevo perdão. Por mover de menos, por falar de mais, por correr atrás do meu pranto quando ele deveria estar à frente de minhas crenças e correr solto pelos meus ralos inferiores proporcionando sorrisos espontâneos em minhas múltiplas faces.
Escrevo aprendizado. Por entender o movimento de me direcionar ao meu poço, e conhecer o avesso e o inverso, aprendendo a contemplar o universo. E me aceitar inserida nele. Aceitar que as dores doem e continuam a doer e que sem menos esperar elas cessam abrindo caminho para o vazio que é uma infinidade de possibilidades de alegrias.
Pois escrevo a alegria. De me enxergar. Inteira. Mulher. Nada madura, por acreditar que amadurecimento vem com a proximidade da certeza e certeza é afirmação que aprendi a descuidar.
Por me entender um Ser.
Que está mulher
Que está filha
Que está atriz
Que está aprendiz
Que está curando suas dores e tentando canalizar o caminho de cura de outros
Que está amiga, amante e amando amar de novo nessa vida de tantos desamores e de tantas flores
Escrevo uma suspensão. Por não gostar de despedidas nem de até logos, nem de (a)deuses nem de separação.
Escrevo gratidão. E mesmo sem saber muito o seu caminho e tendo como o laço o enlace de passos meus. Sua presença é guardada no lugar mais nobre do meu coração. O primeiro que se abriu e abriu espaço pra tantos outros que estão e que virão nesta matéria em que meu corpo se expressa.
Escrevo expressão. A que mais me ensinou e motivou a ter por esses lindos sóis que compartilhamos.
Escrevo AmoR
O que você fez nascer dentro de mim. ( )


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15 março 2014

Ela mãe.

Eu que já acompanho a vida dela por um sempre de tantos sóis...
Que já descrevi os encontros, as alegrias, as dores e os passares da vida
Que já ajudei a escolher figurino de dia de aliança em uma Paris de sonhos...
Que já chorei, sorri, me entorpeci de alegrias ao seu lado

Hoje a descrevo mãe
A relato atravessando o portal da maternidade
Linda, leve, serena que sempre foi
Gerando um ser leve, lindo, guerreiro que já é
De nome de anjo ascencionado
Miguel da luz azul, sua cor desde então
Ela, mãe de fruto de natureza sólida de estruturas construídas pela sua crença
Gerando no último instante o ser que representará a sua maior transformação
O ser filho para um padecer mulher

Eu que já acompanho a vida dela por um sempre de tantos sóis...
Levantei de manhã sobressaltada com uma mensagem de vida
Pra (re)viver o que ainda não vivi com a emoção de como se estivesse vivendo
(ela tem dessas acelerações de sempre ter sido pioneira em nossas descobertas de vida)
para subir escadas e encontrar um (a)feto, recém chegado à luz material
recém vivido de tantas outras vidas e retornando a essa para lhe trazer (e a mim também, por certo) o AmoR gigante de criança pequenina
Evoco luzes que já o pertencem
Gratifico o momento presente de presentear-me com essa chegada
E sorrisos de gratidão

Eu que já acompanho a vida dela por um sempre de tantos sóis...
Saio vagando com o olhar perdido, achando palavras para descrever esse novo momento
As palavras vêm chegando em uma velocidade incontrolável que me faz andar tão veloz quanto fui ao encontro ansioso (D)eles (Ela já é Plural).
Volto para  minha vida, feliz pela dela como se fosse parte da minha, e sendo.
Com a certeza certa de que a luz bate em quem tem luz pra dar
E a nossa vida, minha e (D)eles, recomeça um novo começo de vida nova

Eu que já acompanho a vida dela por um sempre de tantos sóis...
..tenho mais um tanto de novos sóis para comemorar e descrever  por todo esse encontro de luz.

Amiga

AmoR.
( )

15 fevereiro 2014

Nasceram na mesma casa
mesmo quarto, mesmo sexo, mesma cor preferida, mesmo cesto de roupa suja
A diferença de ano era a década que retornava no mesmo mês
mesmo signo, mesmo gênio, mesma fome, mesmo querer
O que diferenciava era o tempo

quando se lê o que se gosta
quando se come o que se espera
quando se chora o que não engrossa
quando se ama o que se tolera

Chegaram a brincar juntas até
mesmo que com a intolerância da primeira e a curiosidade respeitosa da que veio depois
entendiam-se
afinal, compartilhavam a mesma brisa da janela, mesma quebra de luz, mesmo sol da manhã

Cresceram
uma era moça já, e apresentava o corte de asas antes mesmo de criá-las
fazendo do tal arbítrio livre a esperança de libertação, deixando de lado a menina, 10 sóis mais menina, descobrir seu próprio horizonte da corrente errante que lhe cabia.

A geografia se encarregou de afastar os ombros-amigos noturnos, os suspiros insones e as manhãs de nebulosidades.

Então duas.
Mulheres já.
Com acúmulo de histórias, mágoas e porquês em questão
Não se reconheciam mais.
Deixaram de lado a crença do sangue e esse mesmo se encarregou de molhar o presente.
Ausente.
De duas.
Mulheres com lembranças crianças
Esquecendo-se amigas
Renegando-se irmãs
Relembrando a mesma terra e esquecendo o mesmo céu.

Perderam
A chance de serem uma em duas mais
Acolheram as emoções e deixaram o amor voar

Pousaram
Cada qual em seu lugar
Esperança é tempo certo que não tarda em contemplar
A hora de duas chega sem que uma sequer perceba
que amor-irmão é receita velha que teima em voltar a andar.

Amaram
uma e duas em segredo sem confessar.

( )

28 janeiro 2014

flor-maria



Era senhora já...

dessas que teimam em ler e nem óculos suporta tamanha teimosia, visto que não há mais grau que comporte tal desejo em enxergar palavras.

dessas que poderia usar Lupa de diminuir tensões e preencher suas tardes de palavras cruzadas caçando pensamentos esquecidos.

Sua origem é de mesmo início que se espera de senhoras sobreviventes que casaram 10 anos mais moças que seus cônjuges, resultando na perda precoce dos mesmos, não só pela década de diferença, mas tão mais pela força que percorre a carcaça de origem feminina. As fortalezas delicadas.
Em meio à normalidades, feijões mulatos e carnes assadas herdadas de ancestralidade, ela percorre o lugar do comum com calma, leveza e um tanto de conformação.

Esperava. Lenta e silenciosa. O passar dos dias quentes, frios, tortos de seu amadurecimento, entre pêssegos caramelados e mini-orquídeas regadas a água de mel - para adocicar o florescer.

Dentre todas as trivialidades cotidianas que uma jovem sonhadora senhora de 94 sóis poderia ter, ousou desejar três sonhos:

Assistir a um jogo no morumbi.
Não importava o jogo, o time, as cores da camisa.
Ela queria sentir o que se sente quando se torce por Amor.
Quando se espera, acima de qualquer tudo, que se vença pelo prazer de sentir prazer apenas.

Ver uma banda passar.
Na rua, no mesmo lugar que se evolui todos os dias, que se engrandece a vida se apropriando de afazeres necessários.
Ela queria sentir o que se sente quando se movimenta por Amor.
Quando a reunião surge da necessidade de estar somente, e a música se apresenta como som, ecoando os seus sentidos mais desconhecidos.

Andar de trem.
Mas não um trem com viajantes esperançosos que se lançam de folga para explorar o inusitado.
Ela queria sentir o que se sente quando se atravessa um caminho por Amor.
Dizia que é no dia e mais dia que se tem a real capacidade de perceber o amor de verdade.

Ela queria sentir o balanço da vida, se permitindo amar aos 94, recordando todos os amores de 93.

Não sentia medo de fechar os olhos para o colorido de suas rendas concebidas em tantas primaveras. Temia no entanto, não poder contemplar o sol de outono por deslize.
Por se esquecer da beleza que o aconchego da brisa pode proporcionar aos seus olhos cansados e ainda assim curiosos de viver.

Temia esquecer...

Que seu pai plantava esperança, sua mãe contava histórias de fadas, o marido esperava o terno passado às seis  e as crianças já possuiam as suas próprias.

Temia deixar de viver...

Mas não quando não lhe coubesse mais e sim enquanto era tempo.

Ela queria sentir o que se sente quando se vive por Amor.

Viveu.
Recebeu o seu fim com certeza de começo e iniciou o seu caminho com o entusiasmo do meio.
Ela queria sentir o que se sente quando se deixa de sentir e só resta
Amor.
( )




14 janeiro 2014

nós

 

..então depois de tanto acordar sem dormir, dormir sem esquecer, esquecer sem sumir...
Ela nasceu.
Nasceu amadurecida. Com 30 de sóis e 30 de luas. Oferecendo primaveras e dispensando verões, que irritam sua pele branca-rosada-cultivada nos invernos mentirosos cariocas.
Acordou talvez...
Mas dessa vez, sem a sensação recorrente.
É que a mãe dormia toda vez que ela acordava...isso era sensação-sentida daquelas verídicas que só substituem a dor ausente. 
Não mais que na manhã de Natal, quando todos se calam para ouvir o coração, as duas acordaram.   
Juntas. De mãos dadas. Cada qual rezando sua fé.
Entre ave-marias e orixás; santos e deuses; terços e patuás...se encontraram em um cristal. De cor violeta, que acalma esperança...que aquieta atitude...que acolhe abraço.
Se olharam...
Se perceberam sem saber se mãe, se filha, se dor, se amigas.
Se tocaram...
Deixaram o impulso tomar vez e os votos e a energia natalina do ar se encarregou de unir os braços e peitos no abraço de 30 e 1.
Disse que ela nasceu com 30, mas só entendeu com mais 1.
Ela acordou dormida, mas só percebeu quando esqueceu.
Perdoar tem dessas sutilezas que só o peito leve sabe descrever...
Dentro da missão de nascimento dos 30 e 1 da energia que transborda o espírito vermelho do amor, ela seguiu seu caminho torto que se alinhava com as pernas longas-leves.
Encontrou no banquete de desencontro um recomeço. Talvez um começo de 30, com o acréscimo de 1.
Quem sabe se pai, se filha, se homem, se mulher de 30 com promessa descrente de mais 1.
Se confessaram..
Pela primeira vez em tanto.
Lamentaram a negligência de 2 dentro de um longo espaço de vazio de 30 com mais ainda 1 inteiro.
Se encontraram no desconforto achando lugar pro comum.
Ele filho
Ela pai. Dela mesma.
Ele pai. Ela filha na alegria de ser filha...mesmo que já com 30 com meses passados de 1.
Mas feliz de estar.
De nascer madura-amadurecia
Corada da vida que tenta a todo custo descolorir pensamentos, com a certeza de que indagações não passam de sobrancelhas elevadas e bocas boquiabertas.
Se permitiram.
Entre garfos e sobremesas, colocaram o ponto do início de um antes fim de irreparável começo.
Trocaram a capacidade de sorrir, apenas, e nada mais era necessário para o dia do nascimento tardio de 30 com esperança-certa de 1.
..então nesse dia de vermelho de quase 30 indivíduos com mais 1 de multidão.. 
Ela gratidão.
O Sou virou de ponta e o Nós ganhou o ponto. ( )