07 agosto 2015

Eu Agora.




..quase entendendo tudo e me trazendo a certeza de não querer entender nada.

me fazendo presente e cada vez menos mente.

sentindo o cheiro do meu instinto chegando de mansinho ao passo que meus movimentos seus me invadem cada vez mais com uma velocidade inexplicável para a ampulheta cartesiana

me fazendo ser cada vez mais, ter cada vez menos e me importar menos ainda com o que serei.

aberta...desperta...abrindo espaços lindos e doídos em cada suspiro de movimento teu

te sentindo cada manhã de uma forma nova
mesclando amor e medo, escuta e dor
entendendo dor cada hoje mais, como passagem de entrega.

me sentindo a cada instante de silêncio e sentindo me sentir cada vez menos para dar cada vez mais espaço para um novo Eu que vem chegando
Você.
Enquanto Eu ainda sou integralmente Você, vou concentrando minha força (mesmo que não saiba ainda a intensidade) em instantes de esperas presentes sem pensar em esperar e sem esperar pensar pelas proximas aproximações da chegada tua.

Sei que já É. mas existe uma intensidade de necessidade de visão minha em contemplar a tua visão em troca com minha alma

Você que já me conhece tanto deve saber que não posso esperar ser mais do que nem sei que sei ser, portanto não vamos criar expectativas sobre um possível perfeccionismo e exatidão, quando minha crença se espalha em acolher o acaso infindável de possibilidades de transmutação.

Somos o tempo na inexistência dele.

Somos o agora e só consigo me permitir respirar a nossa passagem

Aquele tal túnel que combinamos atravessar em outras Luas atrás...aquele vale de horizonte infinito que negociamos a vista por sabermos que nossas essencias se cruzariam naquela esquina inexistente de um portal de um plano qualquer...
mesmo que saibamos que estamos todos no mesmo plano.

o que gerou a nossa presença e movimentou nossos corações fazendo nossos espíritos se encontrarem aqui.
abertos
despertos.
eu
você
e uma unidade de nós.
( )

10 maio 2015

Eu plural





















Eu plural
Sem saber ainda codificar o significado.
Vivendo cada dia com a maior quantidade possível de instantes e me afetando com as transformações que meus corpos absorvem a cada suspiro.
Ainda em crise. Entendendo crise como acúmulo, aceleração e aproximação de movimento.
Mudança - nunca fazendo tanto sentido e sendo tão difícil de sentir.
Sujeito composto
Construído e construindo a cada passo um tropeço de sabedoria, não querendo saber nada antes do então
quase espera, quase tudo, quase dois, quase sem saber e sabendo a maior certeza nunca antes entendida
Sentimento estúpido, imenso, rasgando um peito preenchido de volume de dois.
O maior de todos. Que nasce pra crescer tantos mais, mesmo achando inviável uma extensão tão grande de um coração...mesmo duplo até então.
Um encontro. Esperado e surpreendido com a sucessão de transformações que se apresentam em curso
quase morte, quase vida, quase dois, quase filho se apresentando em um ventre de (antes)medos desejando o maior da evolução.
amor sem meio, inesgotável, incontestável, incalculável
um corpo preenchido de mais espaço, espírito, estofo e gratidão

Plural
Que quase não espera o momento de separação, sabendo-se a passagem do maior encontro.
do amor Divino de mãe brotando em matéria pra encontrar o amor esperado de filho continuando o caminho.
Eu plural
Transbordando energia, (re)significando a espera e entendendo o tempo cada vez mais como dispensável
“Desabrochando o Dom, florescendo a criação...”
Transportando espaço onde já se preencheu e alocando presenças em um recipiente comum
Meu peito repleto
Acompanhando a concepção
Eu,
ensaiando maternar
desapegando das certezas
ofuscando as clarezas
ABERTA
ao acaso mais lindo que essa vida vai apresentar.
AmoR
(AoDom).

01 fevereiro 2015

Assisti o filme LIVRE hoje e saí engasgada...
O desengasgo...

E quando percebi que se aproximava o fim daquelas duas horas de nó e engasgo de um propósito ainda não identificado...as letras se embaralharam sem nitidez e o foco se tornou múltiplo. Havia chegado o fim. E a única atitude que consegui tomar foi ir num passo ao banheiro, controlar as lagrimas que pulavam abusadas por dentro dos óculos embaçados, esperar inquieta a minha vez, entrar em um pé e trancar noutro a trava de segurança do distanciamento do mundo. Era tudo que eu precisava. Me aproximar de mim e viver aquela dor doída que eu ainda não sabia identificar a origem. Precisava acessar alguma vida anterior...ou talvez ela já estivesse desperta em minha vida presente mas minha consciência esmagava meu peito e apertava cada vez mais minha garganta.
Chorei.
Chorei como nem sei. Como uma criança que perde seu cão, seu primeiro amor.  Como uma adolescente que desabrocha sua primeira decepção, como uma mulher que se dá conta de que ainda não se achou.
Um choro mudo, sem um único ruído. Em câmera lenta, desfrutando cada contração muscular facial. Um choro de encontro e saudade. Um rompimento e renascimento.
Sentei dentro daquela cabine pública e chorei a minha maior privacidade privada.
Percebi ao absorver a história daquela mulher, que existe um monte de mim que ainda me é inacessível...intocável. E foi justamente essa parte que chorou! Não a parte que acha que se conhece, se supre, se ouve, se basta. A parte que ainda dorme. Que acordou hoje.
Foi assolada por um conto de uma vida real, por uma semelhança de um desconhecido comum exemplificando minha maior ausência diante da minha presença.
Livre.
Foi tudo que não senti ao sair daquela caixa iluminada, mas pelo contrario senti que a maior parte de mim se esconde atrás de alguém que ainda nem sei quem é. Alguém que almejo ser sem saber. Alguém que admiro sem saber ainda porquê.
Sai suspensa, intensa, imensa, sem sentir meus pés no chão e minha visão ao redor. Com o foco alargado e ao mesmo tempo irreal.
Vaguei pela rua respirando o ar rarefeito que se formou a partir de todos os entãos sem saber ainda quantos porquês serão necessários para tentar minimamente começar a caminhar na direção desse alguém que descobri que existe.
A metade livre que se basta dentro de mim.
( )

27 dezembro 2014

Eu, Bruna.

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Eu, Bruxa.
Que dispensa a justificativa de “boa”.
Sim Bruxa.
Que se ainda precisasse dessa continuação, possivelmente se influenciaria pela história imposta em seu “aprendizado” com a divisão entre fadas e bruxas.
Que lembra que Bruxas foram as mulheres e não menos homens, que abriram a capacidade de conviverem com sua escuta interior em harmonia com a natureza. E que assim e Ainda assim tinham a capacidade de compartilhar e propagar as oferendas divinas da terra para curar os seus próximos.
Portanto...Todos somos Bruxos!
Sempre temos uma afinidade, mesmo que pouco explorada, encubada, entubada ou reprimida, de lidar com a natureza. Sempre nos percebemos adoradores do Sol, da Lua, do Ar, das Águas, do Fogo, das Pedras, das Plantas e não por menos, dos Alimentos. Sempre encontramos uma forma de nos conectar, mesmo que com pouca frequência (em casos, bem menos do que devíamos) com qualquer manifestação natural...ou simplesmente com nosso interior. Que no final do todo...dá no mesmo.
É...somos unidade. Uma coisa só. Uma só fonte que se desloca em passos diferentes com a sensação de movimento contrário e cada passo dado corresponde a cada passo compartilhado.
Hoje, já então Bruxa, sigo a compartilhar passos entendendo cada particularidade de um todo dentro de uma infinidade de comuns em comunhão de tempo e espaço. Mesmo que saiba também que tempo e espaço já não importam tanto mais.
Presente.
Compartilho meus passos presentes com a espera de agregar cada vez mais realidades do hoje em estados de agora.
Eu, Bruxa.
Sem precisar mais justificar o bem e o mal. Semeando em cada agora uma crença de realidade na dualidade em que vivemos.
Desabrochando o dom
Florescendo a criação
Eu, Bruxa.
Não me importando mais com os caminhos que trilharei daqui por presente
Resgatando minhas dores e revivendo minhas maiores fortalezas na delicadeza de ser um Sou sem precisar ver o que É.
Me revirando nua e aberta em traços com contornos tortos arredondando minha busca pela noção do todo
Aceitando cada Lua nova, saudando cada novo Sol, unindo sentidos a elementos e fundamentando minha Alma no espirito que estou.
Eu, Ser.
Que aceita o céu que se abriu em terra resgatando a bruxa que é criação do peito aberto que reflete Arte.
Eu, atriz, artista, intérprete de vozes de unidade desengasgo minha vocação para expressar o que sou.
AmoR.
( )

25 outubro 2014

Carta ao (des)Encontro

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Escrevo hoje e acho que só hoje sei o que sou capaz de escrever.
Em tempos anteriores a escrita era muda e ensurdecia meu peito calando minhas dores inconscientes
Escrevo agora pois meu peito agradece
Ele pertence ao grupo de peitos esvaziados que se preencheram ao longo de horas contadas em anos e dias esperados em tempos de solidão compartilhada
Escrevo para esquecer e lembrar o que se esquece com a insistência em estar presente. Em resolver o que já nem se sabe se pode ser solucionado e colocar em pratica uma ação determinada de tornar preenchido o vazio que meu peito se tornou ao longo de longos anos.
Escrevo gratidão
Escrevo amor, mesmo que ainda tente entender racionalmente esse tal furacão que tem invadido o meu peito desde que me ajudou a permiti-lo entrar
Escrevo perdão. Por mover de menos, por falar de mais, por correr atrás do meu pranto quando ele deveria estar à frente de minhas crenças e correr solto pelos meus ralos inferiores proporcionando sorrisos espontâneos em minhas múltiplas faces.
Escrevo aprendizado. Por entender o movimento de me direcionar ao meu poço, e conhecer o avesso e o inverso, aprendendo a contemplar o universo. E me aceitar inserida nele. Aceitar que as dores doem e continuam a doer e que sem menos esperar elas cessam abrindo caminho para o vazio que é uma infinidade de possibilidades de alegrias.
Pois escrevo a alegria. De me enxergar. Inteira. Mulher. Nada madura, por acreditar que amadurecimento vem com a proximidade da certeza e certeza é afirmação que aprendi a descuidar.
Por me entender um Ser.
Que está mulher
Que está filha
Que está atriz
Que está aprendiz
Que está curando suas dores e tentando canalizar o caminho de cura de outros
Que está amiga, amante e amando amar de novo nessa vida de tantos desamores e de tantas flores
Escrevo uma suspensão. Por não gostar de despedidas nem de até logos, nem de (a)deuses nem de separação.
Escrevo gratidão. E mesmo sem saber muito o seu caminho e tendo como o laço o enlace de passos meus. Sua presença é guardada no lugar mais nobre do meu coração. O primeiro que se abriu e abriu espaço pra tantos outros que estão e que virão nesta matéria em que meu corpo se expressa.
Escrevo expressão. A que mais me ensinou e motivou a ter por esses lindos sóis que compartilhamos.
Escrevo AmoR
O que você fez nascer dentro de mim. ( )


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15 março 2014

Ela mãe.

Eu que já acompanho a vida dela por um sempre de tantos sóis...
Que já descrevi os encontros, as alegrias, as dores e os passares da vida
Que já ajudei a escolher figurino de dia de aliança em uma Paris de sonhos...
Que já chorei, sorri, me entorpeci de alegrias ao seu lado

Hoje a descrevo mãe
A relato atravessando o portal da maternidade
Linda, leve, serena que sempre foi
Gerando um ser leve, lindo, guerreiro que já é
De nome de anjo ascencionado
Miguel da luz azul, sua cor desde então
Ela, mãe de fruto de natureza sólida de estruturas construídas pela sua crença
Gerando no último instante o ser que representará a sua maior transformação
O ser filho para um padecer mulher

Eu que já acompanho a vida dela por um sempre de tantos sóis...
Levantei de manhã sobressaltada com uma mensagem de vida
Pra (re)viver o que ainda não vivi com a emoção de como se estivesse vivendo
(ela tem dessas acelerações de sempre ter sido pioneira em nossas descobertas de vida)
para subir escadas e encontrar um (a)feto, recém chegado à luz material
recém vivido de tantas outras vidas e retornando a essa para lhe trazer (e a mim também, por certo) o AmoR gigante de criança pequenina
Evoco luzes que já o pertencem
Gratifico o momento presente de presentear-me com essa chegada
E sorrisos de gratidão

Eu que já acompanho a vida dela por um sempre de tantos sóis...
Saio vagando com o olhar perdido, achando palavras para descrever esse novo momento
As palavras vêm chegando em uma velocidade incontrolável que me faz andar tão veloz quanto fui ao encontro ansioso (D)eles (Ela já é Plural).
Volto para  minha vida, feliz pela dela como se fosse parte da minha, e sendo.
Com a certeza certa de que a luz bate em quem tem luz pra dar
E a nossa vida, minha e (D)eles, recomeça um novo começo de vida nova

Eu que já acompanho a vida dela por um sempre de tantos sóis...
..tenho mais um tanto de novos sóis para comemorar e descrever  por todo esse encontro de luz.

Amiga

AmoR.
( )

15 fevereiro 2014

Nasceram na mesma casa
mesmo quarto, mesmo sexo, mesma cor preferida, mesmo cesto de roupa suja
A diferença de ano era a década que retornava no mesmo mês
mesmo signo, mesmo gênio, mesma fome, mesmo querer
O que diferenciava era o tempo

quando se lê o que se gosta
quando se come o que se espera
quando se chora o que não engrossa
quando se ama o que se tolera

Chegaram a brincar juntas até
mesmo que com a intolerância da primeira e a curiosidade respeitosa da que veio depois
entendiam-se
afinal, compartilhavam a mesma brisa da janela, mesma quebra de luz, mesmo sol da manhã

Cresceram
uma era moça já, e apresentava o corte de asas antes mesmo de criá-las
fazendo do tal arbítrio livre a esperança de libertação, deixando de lado a menina, 10 sóis mais menina, descobrir seu próprio horizonte da corrente errante que lhe cabia.

A geografia se encarregou de afastar os ombros-amigos noturnos, os suspiros insones e as manhãs de nebulosidades.

Então duas.
Mulheres já.
Com acúmulo de histórias, mágoas e porquês em questão
Não se reconheciam mais.
Deixaram de lado a crença do sangue e esse mesmo se encarregou de molhar o presente.
Ausente.
De duas.
Mulheres com lembranças crianças
Esquecendo-se amigas
Renegando-se irmãs
Relembrando a mesma terra e esquecendo o mesmo céu.

Perderam
A chance de serem uma em duas mais
Acolheram as emoções e deixaram o amor voar

Pousaram
Cada qual em seu lugar
Esperança é tempo certo que não tarda em contemplar
A hora de duas chega sem que uma sequer perceba
que amor-irmão é receita velha que teima em voltar a andar.

Amaram
uma e duas em segredo sem confessar.

( )

28 janeiro 2014

flor-maria



Era senhora já...

dessas que teimam em ler e nem óculos suporta tamanha teimosia, visto que não há mais grau que comporte tal desejo em enxergar palavras.

dessas que poderia usar Lupa de diminuir tensões e preencher suas tardes de palavras cruzadas caçando pensamentos esquecidos.

Sua origem é de mesmo início que se espera de senhoras sobreviventes que casaram 10 anos mais moças que seus cônjuges, resultando na perda precoce dos mesmos, não só pela década de diferença, mas tão mais pela força que percorre a carcaça de origem feminina. As fortalezas delicadas.
Em meio à normalidades, feijões mulatos e carnes assadas herdadas de ancestralidade, ela percorre o lugar do comum com calma, leveza e um tanto de conformação.

Esperava. Lenta e silenciosa. O passar dos dias quentes, frios, tortos de seu amadurecimento, entre pêssegos caramelados e mini-orquídeas regadas a água de mel - para adocicar o florescer.

Dentre todas as trivialidades cotidianas que uma jovem sonhadora senhora de 94 sóis poderia ter, ousou desejar três sonhos:

Assistir a um jogo no morumbi.
Não importava o jogo, o time, as cores da camisa.
Ela queria sentir o que se sente quando se torce por Amor.
Quando se espera, acima de qualquer tudo, que se vença pelo prazer de sentir prazer apenas.

Ver uma banda passar.
Na rua, no mesmo lugar que se evolui todos os dias, que se engrandece a vida se apropriando de afazeres necessários.
Ela queria sentir o que se sente quando se movimenta por Amor.
Quando a reunião surge da necessidade de estar somente, e a música se apresenta como som, ecoando os seus sentidos mais desconhecidos.

Andar de trem.
Mas não um trem com viajantes esperançosos que se lançam de folga para explorar o inusitado.
Ela queria sentir o que se sente quando se atravessa um caminho por Amor.
Dizia que é no dia e mais dia que se tem a real capacidade de perceber o amor de verdade.

Ela queria sentir o balanço da vida, se permitindo amar aos 94, recordando todos os amores de 93.

Não sentia medo de fechar os olhos para o colorido de suas rendas concebidas em tantas primaveras. Temia no entanto, não poder contemplar o sol de outono por deslize.
Por se esquecer da beleza que o aconchego da brisa pode proporcionar aos seus olhos cansados e ainda assim curiosos de viver.

Temia esquecer...

Que seu pai plantava esperança, sua mãe contava histórias de fadas, o marido esperava o terno passado às seis  e as crianças já possuiam as suas próprias.

Temia deixar de viver...

Mas não quando não lhe coubesse mais e sim enquanto era tempo.

Ela queria sentir o que se sente quando se vive por Amor.

Viveu.
Recebeu o seu fim com certeza de começo e iniciou o seu caminho com o entusiasmo do meio.
Ela queria sentir o que se sente quando se deixa de sentir e só resta
Amor.
( )




14 janeiro 2014

nós

 

..então depois de tanto acordar sem dormir, dormir sem esquecer, esquecer sem sumir...
Ela nasceu.
Nasceu amadurecida. Com 30 de sóis e 30 de luas. Oferecendo primaveras e dispensando verões, que irritam sua pele branca-rosada-cultivada nos invernos mentirosos cariocas.
Acordou talvez...
Mas dessa vez, sem a sensação recorrente.
É que a mãe dormia toda vez que ela acordava...isso era sensação-sentida daquelas verídicas que só substituem a dor ausente. 
Não mais que na manhã de Natal, quando todos se calam para ouvir o coração, as duas acordaram.   
Juntas. De mãos dadas. Cada qual rezando sua fé.
Entre ave-marias e orixás; santos e deuses; terços e patuás...se encontraram em um cristal. De cor violeta, que acalma esperança...que aquieta atitude...que acolhe abraço.
Se olharam...
Se perceberam sem saber se mãe, se filha, se dor, se amigas.
Se tocaram...
Deixaram o impulso tomar vez e os votos e a energia natalina do ar se encarregou de unir os braços e peitos no abraço de 30 e 1.
Disse que ela nasceu com 30, mas só entendeu com mais 1.
Ela acordou dormida, mas só percebeu quando esqueceu.
Perdoar tem dessas sutilezas que só o peito leve sabe descrever...
Dentro da missão de nascimento dos 30 e 1 da energia que transborda o espírito vermelho do amor, ela seguiu seu caminho torto que se alinhava com as pernas longas-leves.
Encontrou no banquete de desencontro um recomeço. Talvez um começo de 30, com o acréscimo de 1.
Quem sabe se pai, se filha, se homem, se mulher de 30 com promessa descrente de mais 1.
Se confessaram..
Pela primeira vez em tanto.
Lamentaram a negligência de 2 dentro de um longo espaço de vazio de 30 com mais ainda 1 inteiro.
Se encontraram no desconforto achando lugar pro comum.
Ele filho
Ela pai. Dela mesma.
Ele pai. Ela filha na alegria de ser filha...mesmo que já com 30 com meses passados de 1.
Mas feliz de estar.
De nascer madura-amadurecia
Corada da vida que tenta a todo custo descolorir pensamentos, com a certeza de que indagações não passam de sobrancelhas elevadas e bocas boquiabertas.
Se permitiram.
Entre garfos e sobremesas, colocaram o ponto do início de um antes fim de irreparável começo.
Trocaram a capacidade de sorrir, apenas, e nada mais era necessário para o dia do nascimento tardio de 30 com esperança-certa de 1.
..então nesse dia de vermelho de quase 30 indivíduos com mais 1 de multidão.. 
Ela gratidão.
O Sou virou de ponta e o Nós ganhou o ponto. ( )

27 julho 2013

A conferência dos pássaros..


chegou o primeiro e abriu as asas
o segundo sentiu a brisa do voar
o primeiro (aquele que abriu) já sabia codificar os movimentos do ato
o segundo (o que sentiu) já sabia identificar o momento de começar
um impulso
uma coragem
dois passos para trás
um grande salto
de um abrir e fechar leve, lento, firme, irracional
voaram os dois
nem à frente
tampouco atrás
de um lado e de outro
quase que de entrelace 
conectados pelo ponto em comum
o que gerou o impulso
Afeto.
Apreço.
Aberto.
( )

08 julho 2013

(in)acabada


Ela cansou 
de esticar a ponta, de dobrar o braço, de torcer o tronco
de verticalizar, de fincar os pés no chão, de voar sem sair do lugar
Ela cansou de pancadas roxas, de canelas frouxas, de deslizes propositais
de saltos sem perspectiva, de corridas leves ritmadas

Cansou. 
De prender a respiração. 
De andar sem perder o chão.
De dançar roteiros.

  Ela se libertou.
Reinventou o clássico 
Subverteu o repertório
Desalinhou o Debul(ê)
 Diminuiu o Develop(ê)
 Criou raizes para voar longe

Aflorou...
Desenvolveu suas escutas
Recuperou as cores suas
Estabeleceu a música do seu ritmo,
que só ela pode ouvir

Ela anda dançando por aí.
( )

12 junho 2013

(n)amorados

que torce o pescoço, desvira o rosto e fecha a boca pra não escutar
sobe alto no banco, desvira o chinelo, encosta na tinta fresca pra refrescar
 que desce leve, segue forte, balança a cabeça pra não aceitar
abre foco suave, enxerga longe e o peito não consegue visualizar
 sorri solto, amolece o corpo, libera energia a qualquer lugar
garante o céu e também a terra, mas nada tem para lhe ofertar
 dorme junto, acorda mudo e força a memória pra lembrar
das juras sinceras, do coração povoado, dos quereres doces do amor complicado
 da satisfação em satisfazer o momento, sem nada perceber
o contato é instantâneo e se dá, independente de ser 
 o hoje é só saber, pois o futuro há de se perder
qualquer que seja o propósito é irrelevante e teme em não doer
 cabendo ao destino direcionar o todo para o maior indivíduo que aparecer
restando somente o eu e, quem sabe, um tanto de você.
( )

19 maio 2013

(meta)morfose




vira
(des)vira
(re)vira
apanha a flor caída que a raíz espera forte o retorno da floração
segura
(se)muda
se(cuida)
sente que o vento forte já foi e o vento breve já vem com cores novas para celebrar o novo ciclo que já está.
pára
(re)para
se(para)
espera a chuva forte passar que vem a noite com luzes claras para aquecer o novo corpo que se formou
tempo
tombo
terra
recebe o não aceitando o sim com a certeza de que o talvez é a clareza do então.
( )

10 fevereiro 2013

Te



 Eu choro o prazer de estar só
A possibilidade de decidir o meu caminho, o percurso que devo seguir no minuto que eu escolher
Choro leve..de possibilidade de alegria
Eu choro por lembrar e esquecer todos os dias que chorar é sinal de saúde
E que manifestar suas emocões, mesmo que à flor da pele é sinal de sabedoria.
Quem quiser que se levante
Eu choro por não poder chorar ao saber
Choro por ver
Um homem com os olhos grandes de etnia, ter olhos pesados de chorar sem lágrimas
e sorrir
e dançar com um transeunte
e fotografar cada cor nova que seus olhos vivos focar
e conhecer todo o mundo
e saber que está só
eu choro por chorar
por mediocridade
pois os olhos grandes não choram mais
transcenderam a tristeza e só fotografam alegria
Eles disseram: desacredite! ela não vai sobreviver
mas os olhos diminuiram e se contraíram de raiva e força
Nunca!
Eu choro de orgulho
de ver olhos que choram de alegria e que fotografam o dia a dia
pra mais tarde encontrar com sua amada, mesmo que em pensamento
deitada e sabendo..que os olhos grandes olham por ela.
Eu choro pois é carnaval
e as cores todas ele levou pra ela
e eu daria mais ainda se pudesse criar
o verde esperança
o azul amor
o violeta sonho
os olhos grandes voltaram
os olhos fechados acordaram
Eu sorri.
( )

27 janeiro 2013

 
Lembro de quando eu tinha oito anos e invadi a casa da "moça fina da cobertura" pra pedir um autógrafo dele...a menina-criança que me acompanhava mal fazia idéia de quem ele era, mas eu devia ouvi-lo desde a barriga de minha mãe....sabia muito bem o quanto queria vê-lo de perto. Toquei a campainha e a "moça fina da cobertura" me barrou na porta. Acho que se fosse um simples fã pedindo uma atenção àquela visita ilustre que ela recebera, seria aceitável uma negação. Mas era uma criança, com os olhos brilhando, cheios de esperança de ver de perto o seu ídolo mais antigo. Quando a moça "não tão fina" da cobertura já ia quase fechando a porta, eis que surge Ele:
- Ei menina! Estava me procurando?! Entre! Fique à vontade...Quer beber alguma coisa?!
E aquele senhor, que sequer morava ali me recebeu exatamente como me receberia em sua casa...Talvez tenha me recebido até melhor, só pra calar a "moça besta da cobertura".
- Quero um autógrafo seu. Gosto muito do senhor, desde pequena.
(uma gargalhada)
- Então aqui está! Um autógrafo meu. Para a minha mais "nova" fã!
"Para Bruna,
tão bonita,
um beijo do
Tom Jobim."
( )

03 outubro 2012

29 de fevereiro de 1983

Não sei se lê o que eu escrevo.
não saberia dizer quando isso tudo começou. muito menos se isso vai ter fim um dia.
não consigo imaginar um dia diferente de todos esses até hoje. uma roupa dobrada corretamente no armário, um tênis fora do lugar...
a vida se estagnou.
esse histórico de atualizações foi modificado por muitas pessoas diferentes.
os objetos afetivos vindos de muitas regiões
álbum de infância preenchido por desconhecidos e como poderia ser diferente?!
essa hereditariedade é uma fraude
a herança é debitada a cada ano que amadurece envelhecendo, as manias foram tolidas, os quereres ignorados
mas estamos falando então de afeto, ok?!
ele permanece estagnado.
esperando a porta se abrir.
mas e quando não se tem porta e a única delimitacão que possui próxima de seus pés são seus próprios sapatos?
desgastados, poídos, rasgados.
quando seus olhos querem se fechar todas as noites na mesma hora
20 minutos depois de tomar a sua dose diária da tarja preta
servindo de desculpa imperdoável para tentar
esquecer os outros 20 anos de esquecimento.
então é hora de abrir?!
abrir o envelope
abrir a porta
abrir o peito
abrir o apetite
abrir o perdão
e quando a memória é inventada? ( )

21 setembro 2012



o vermelho que pinta
atravessando a borda delimitada
v a z a d a
de boca fina, de menina
que não sabe o que dizer
o contorno torto, arredondado
envolvendo o pêssego amaciado
de bochecha, de menina
que sorri sem saber por que
um lápis de colorir expressão
uma sombra de abrandar desilusão
d e l i n e a d a
verde-amarelada, sugerindo sucessão
limpando o que não tem traço azul
c e l e s t e
de olhar tímido, de menina
que enxerga sem ver
base pra cobrir a máscara
pó para a depressão
um punhado de cores em pele leve
, de mulher
pra gerar a ocasião. ( )

10 junho 2012

no meio do caminho
do meio
de canto sem ponta
no centro
do foco suave
no bloco espesso
de pedras soltas
no caminho do meio
de escolha livre
na certeza presa
do eixo
em ponto alto
no muro torto
de pegadas firmes
do meio
no caminho... ( )

21 março 2012

Entre

ela acorda, olha o relógio e ainda tem 15. vira de bruços, fecha os olhos e toca o despertador. acorda e abre o olho (necessariamente nessa ordem). vira de lado e levanta. joga uma água no rosto com pingo de pasta de dente e abre a porta do quarto. é lambida pelo calor escaldante do sol de 8 horas, 20 graus acima do seu leito e mesmo assim insiste no café preto. quente. lê o segundo caderno, o urbano dos quadrinhos, duas mortes do obituário e fecha a mochila. desce três lances de escada, 10 metros de ladeira e acompanha o seu ônibus ir embora e o motorista ignorar a sua presença gesticulada exacerbada por considerá-la fora da sua faixa de visão da boa vontade. toma um suco de laranja de olho no troco e no ônibus e fica feliz pois o seguinte tem ar condicionado. que se foda o anterior. senta na janela, vira pro lado oposto e fecha o olho até chegar no túnel. liga o seu ipod e abre suas anotações. pensa superficialmente no seu dia, se lembra dos tópicos pontuais e desce fora do ponto entre dois carros. olha pro lado oposto ao fluxo, percebe uma bicicleta e acelera o salto ao meio fio. pensa em voltar pra casa, em reverter o café, escolher outra calcinha e desiste dessa esquizofrenia recorrente, decidindo dar um passo em direção à rua sem saída, que finalizará o seu destino matinal. olha o relógio, percebe o atraso de 3 minutos, dentro da escala de 15 minutos de tolerância e acelera o passo. toca o interfone sem um botão, dirfarça a voz de sono e anuncia a sua chegada.
Entra. ( )

27 fevereiro 2012

mauá

se eu pudesse pintar..
se eu pudesse pintar o mundo seria de cor de azul anil. esperaria o mar se pôr e o sol secar, se eu pudesse pintar..
bateria palmas para o pôr do céu. jogaria grãos de granola pro casal que se descasasse por amor, seu eu pudesse pintar..
tocaria um repique de espelhos e admiraria o som da minha própria imagem. escutaria o silêncio. alcançaria o tom, se eu pudesse pintar..
se eu pudesse pintar..
deixaria tudo assim do jeito que está. ( )