07 agosto 2015

Eu Agora.




..quase entendendo tudo e me trazendo a certeza de não querer entender nada.

me fazendo presente e cada vez menos mente.

sentindo o cheiro do meu instinto chegando de mansinho ao passo que meus movimentos seus me invadem cada vez mais com uma velocidade inexplicável para a ampulheta cartesiana

me fazendo ser cada vez mais, ter cada vez menos e me importar menos ainda com o que serei.

aberta...desperta...abrindo espaços lindos e doídos em cada suspiro de movimento teu

te sentindo cada manhã de uma forma nova
mesclando amor e medo, escuta e dor
entendendo dor cada hoje mais, como passagem de entrega.

me sentindo a cada instante de silêncio e sentindo me sentir cada vez menos para dar cada vez mais espaço para um novo Eu que vem chegando
Você.
Enquanto Eu ainda sou integralmente Você, vou concentrando minha força (mesmo que não saiba ainda a intensidade) em instantes de esperas presentes sem pensar em esperar e sem esperar pensar pelas proximas aproximações da chegada tua.

Sei que já É. mas existe uma intensidade de necessidade de visão minha em contemplar a tua visão em troca com minha alma

Você que já me conhece tanto deve saber que não posso esperar ser mais do que nem sei que sei ser, portanto não vamos criar expectativas sobre um possível perfeccionismo e exatidão, quando minha crença se espalha em acolher o acaso infindável de possibilidades de transmutação.

Somos o tempo na inexistência dele.

Somos o agora e só consigo me permitir respirar a nossa passagem

Aquele tal túnel que combinamos atravessar em outras Luas atrás...aquele vale de horizonte infinito que negociamos a vista por sabermos que nossas essencias se cruzariam naquela esquina inexistente de um portal de um plano qualquer...
mesmo que saibamos que estamos todos no mesmo plano.

o que gerou a nossa presença e movimentou nossos corações fazendo nossos espíritos se encontrarem aqui.
abertos
despertos.
eu
você
e uma unidade de nós.
( )

10 maio 2015

Eu plural





















Eu plural
Sem saber ainda codificar o significado.
Vivendo cada dia com a maior quantidade possível de instantes e me afetando com as transformações que meus corpos absorvem a cada suspiro.
Ainda em crise. Entendendo crise como acúmulo, aceleração e aproximação de movimento.
Mudança - nunca fazendo tanto sentido e sendo tão difícil de sentir.
Sujeito composto
Construído e construindo a cada passo um tropeço de sabedoria, não querendo saber nada antes do então
quase espera, quase tudo, quase dois, quase sem saber e sabendo a maior certeza nunca antes entendida
Sentimento estúpido, imenso, rasgando um peito preenchido de volume de dois.
O maior de todos. Que nasce pra crescer tantos mais, mesmo achando inviável uma extensão tão grande de um coração...mesmo duplo até então.
Um encontro. Esperado e surpreendido com a sucessão de transformações que se apresentam em curso
quase morte, quase vida, quase dois, quase filho se apresentando em um ventre de (antes)medos desejando o maior da evolução.
amor sem meio, inesgotável, incontestável, incalculável
um corpo preenchido de mais espaço, espírito, estofo e gratidão

Plural
Que quase não espera o momento de separação, sabendo-se a passagem do maior encontro.
do amor Divino de mãe brotando em matéria pra encontrar o amor esperado de filho continuando o caminho.
Eu plural
Transbordando energia, (re)significando a espera e entendendo o tempo cada vez mais como dispensável
“Desabrochando o Dom, florescendo a criação...”
Transportando espaço onde já se preencheu e alocando presenças em um recipiente comum
Meu peito repleto
Acompanhando a concepção
Eu,
ensaiando maternar
desapegando das certezas
ofuscando as clarezas
ABERTA
ao acaso mais lindo que essa vida vai apresentar.
AmoR
(AoDom).

01 fevereiro 2015

Assisti o filme LIVRE hoje e saí engasgada...
O desengasgo...

E quando percebi que se aproximava o fim daquelas duas horas de nó e engasgo de um propósito ainda não identificado...as letras se embaralharam sem nitidez e o foco se tornou múltiplo. Havia chegado o fim. E a única atitude que consegui tomar foi ir num passo ao banheiro, controlar as lagrimas que pulavam abusadas por dentro dos óculos embaçados, esperar inquieta a minha vez, entrar em um pé e trancar noutro a trava de segurança do distanciamento do mundo. Era tudo que eu precisava. Me aproximar de mim e viver aquela dor doída que eu ainda não sabia identificar a origem. Precisava acessar alguma vida anterior...ou talvez ela já estivesse desperta em minha vida presente mas minha consciência esmagava meu peito e apertava cada vez mais minha garganta.
Chorei.
Chorei como nem sei. Como uma criança que perde seu cão, seu primeiro amor.  Como uma adolescente que desabrocha sua primeira decepção, como uma mulher que se dá conta de que ainda não se achou.
Um choro mudo, sem um único ruído. Em câmera lenta, desfrutando cada contração muscular facial. Um choro de encontro e saudade. Um rompimento e renascimento.
Sentei dentro daquela cabine pública e chorei a minha maior privacidade privada.
Percebi ao absorver a história daquela mulher, que existe um monte de mim que ainda me é inacessível...intocável. E foi justamente essa parte que chorou! Não a parte que acha que se conhece, se supre, se ouve, se basta. A parte que ainda dorme. Que acordou hoje.
Foi assolada por um conto de uma vida real, por uma semelhança de um desconhecido comum exemplificando minha maior ausência diante da minha presença.
Livre.
Foi tudo que não senti ao sair daquela caixa iluminada, mas pelo contrario senti que a maior parte de mim se esconde atrás de alguém que ainda nem sei quem é. Alguém que almejo ser sem saber. Alguém que admiro sem saber ainda porquê.
Sai suspensa, intensa, imensa, sem sentir meus pés no chão e minha visão ao redor. Com o foco alargado e ao mesmo tempo irreal.
Vaguei pela rua respirando o ar rarefeito que se formou a partir de todos os entãos sem saber ainda quantos porquês serão necessários para tentar minimamente começar a caminhar na direção desse alguém que descobri que existe.
A metade livre que se basta dentro de mim.
( )