09 setembro 2011

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então você tenta verbalizar pensamentos e percebe a inutileza da verbalização 
e como em poesia você pode começar do meio e terminar do início
pode criar palavras palavreadas e ditar a tendência do fonema em cada linha torta
pode transpirar o papel e apagar a luz da tela do computador quando o seu ouvido gritar por sossego
pode começar uma frase, um apelo, um espirro e terminar sem fim
pode escrever pra ninguém e ganhar admiração
pode descrever um específico que nem de longe vai tentar compreender toda essa baboseira única que se tenta criar ao tentar codificar o que a mente tenta fazer ao passar por cima da emoção e a afetação rebater a razão ao tentar registrar um acaso.
então você desiste de tentar isso tudo e percebe que a pensação de transmimento é bem mais rápida, prática, unilateral e indolor.
coloca um travesseiro no espaço vazio da cama, um copo de água pela metade na cabeceira e um lápis sem ponta pra desistir de tentar pensar.
dorme um sono pesado sonhando leve no colchão duro com cobertor furado
acorda feliz e mau humorado fechando a janela pra chuva não molhar.
separa o terno da meia, a liga do cachecol  a ruga da preocupação.
toma café sem pão e geléia sem manteiga.
sai de casa de costas com um impulso lento de viver o dia que já acabou
e sorri
porque você criou tudo isso e não importa o que você mesmo vai pensar quando pensar em criar sentido ao reler o seu desabafo. ( )

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