14 janeiro 2014

nós

 

..então depois de tanto acordar sem dormir, dormir sem esquecer, esquecer sem sumir...
Ela nasceu.
Nasceu amadurecida. Com 30 de sóis e 30 de luas. Oferecendo primaveras e dispensando verões, que irritam sua pele branca-rosada-cultivada nos invernos mentirosos cariocas.
Acordou talvez...
Mas dessa vez, sem a sensação recorrente.
É que a mãe dormia toda vez que ela acordava...isso era sensação-sentida daquelas verídicas que só substituem a dor ausente. 
Não mais que na manhã de Natal, quando todos se calam para ouvir o coração, as duas acordaram.   
Juntas. De mãos dadas. Cada qual rezando sua fé.
Entre ave-marias e orixás; santos e deuses; terços e patuás...se encontraram em um cristal. De cor violeta, que acalma esperança...que aquieta atitude...que acolhe abraço.
Se olharam...
Se perceberam sem saber se mãe, se filha, se dor, se amigas.
Se tocaram...
Deixaram o impulso tomar vez e os votos e a energia natalina do ar se encarregou de unir os braços e peitos no abraço de 30 e 1.
Disse que ela nasceu com 30, mas só entendeu com mais 1.
Ela acordou dormida, mas só percebeu quando esqueceu.
Perdoar tem dessas sutilezas que só o peito leve sabe descrever...
Dentro da missão de nascimento dos 30 e 1 da energia que transborda o espírito vermelho do amor, ela seguiu seu caminho torto que se alinhava com as pernas longas-leves.
Encontrou no banquete de desencontro um recomeço. Talvez um começo de 30, com o acréscimo de 1.
Quem sabe se pai, se filha, se homem, se mulher de 30 com promessa descrente de mais 1.
Se confessaram..
Pela primeira vez em tanto.
Lamentaram a negligência de 2 dentro de um longo espaço de vazio de 30 com mais ainda 1 inteiro.
Se encontraram no desconforto achando lugar pro comum.
Ele filho
Ela pai. Dela mesma.
Ele pai. Ela filha na alegria de ser filha...mesmo que já com 30 com meses passados de 1.
Mas feliz de estar.
De nascer madura-amadurecia
Corada da vida que tenta a todo custo descolorir pensamentos, com a certeza de que indagações não passam de sobrancelhas elevadas e bocas boquiabertas.
Se permitiram.
Entre garfos e sobremesas, colocaram o ponto do início de um antes fim de irreparável começo.
Trocaram a capacidade de sorrir, apenas, e nada mais era necessário para o dia do nascimento tardio de 30 com esperança-certa de 1.
..então nesse dia de vermelho de quase 30 indivíduos com mais 1 de multidão.. 
Ela gratidão.
O Sou virou de ponta e o Nós ganhou o ponto. ( )

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